Quando a arte japonesa de dobrar papel aporta em terras brasileiras, é inevitável que se misture nesse imenso caldeirão cultural que forma o nosso país. E é desta forma que nossas mãos mestiças e cheias de histórias vão adicionando às dobras suas cores, crenças, vivências, sincretismos, festividades. Sua ancestralidade e tudo o mais que vibra no imaginário popular, permeando suas referências e inspirando as criações. Pelo menos assim é comigo e acredito que seja com a maior parte dos (bons) dobradores. Não fosse isso, seríamos apenas copiadores de diagramas e seria impossível deixar nossa marca registrada, nossa cara, em cada peça.
E foi passeando por essas reflexões que nasceu a coleção Orixás. Eu queria dobrar gueixas. Mas então pensei: porque gueixas? Porque não buscar outra linguagem, outras referências, outros personagens? E assim foi. E assim foram nascendo, uma a uma.
Por enquanto, só os orixás femininos. Os masculinos ainda estão em fase de estudos, mas acho que logo logo estarão pintando por aí.